quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Pavio curto.

O telefone toca. A buzina não para e o sino da igreja avisa que já são oito horas da noite. As pessoas abrem e fecham as suas respectivas bocas, e isso não me soa de forma nítida. Maria, Joana, Marcos e Suzana. A porta bate. A menina cai. O carro passa. Os cabelos voam. Tem que entregar o relatório. Tem que passar a roupa. Tem que pagar a conta. Tem que ajudar fulano. Tem que regar as plantas. Tem tem tem tem. NÃO TEM. Não tem que olhar pra cima. Não tem que fazer cara feia. Não tem que perder a hora. Não tem que ficar doente. Não tem que fingir que nada aconteceu. Não que achar pelo em ovo. Não tem que me ditar regras. A perna se cansa. O sorriso se apaga. A boca seca e os olhos se fecham de forma brutal. Os sentimentos são fortes e a vontade de chorar faz engasgar!
Tem certos momentos da vida que precisamos ser egoístas.
E que o mundo se exploda.
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3 comentários:

wallace Puosso disse...

muito boa a estrutura narrativa deste... gostei...!!! aliás, adoro textos com frases curtas, dá a impressão que impacto da leitura é maior. bjkas!!

Anônimo disse...

E nada como a demonstração de gratidão que recebemos em troca. É "amigo" que pega dinheiro emprestado e na hora de pagar resolve comprar um carro, irmão que nunca trabalhou, não toma decisões e ainda te acusa de besteiras, e assim vai. Talvez seja a hora de ser apenas justo, tentar ajudar não está funcionando.

Desculpa usar o espaço pro desabafo, mas seu texto veio na hora. Espero só que vocè continue boazinha.

Beijos

mural do ajosan disse...

Nossa, Ana Clara, este texto é forte; muito bom. Abraços.